Porque a Sida existe
Que bom seria não existir este dia
Longe vão os tempos em que a doença foi levianamente associada a determinados grupos, como os homossexuais, logo levantando um coro de vozes relacionando-a com a cólera divina, o castigo de comportamentos sexuais, ditos menos próprios, e toda uma série de inverdades resultantes do preconceito e da ignorância.
A luta contra o VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) tem sido um combate titânico contra uma hidra cujas cabeças não tem deixado de crescer em todos os continentes e, particularmente, na África sub-sariana que não bastando ser o mais pobre é, também, o mais afectado pela pandemia.
Uma das particularidades deste vírus é que uma vez entrado no organismo irá atacar o sistema imunológico (aloja-se nos linfócitos CD4), levando a que a pessoa infectada (seropositiva) fique mais debilitada e sensível às chamadas infecções oportunistas que, não fora a infecção pelo vírus, estaria perfeitamente capacitada para responder a agentes patogénicos responsáveis por doenças como a tuberculose, a pneumonia, a toxoplasmose, entre muitas outras.
Como é sobejamente sabido a transmissão faz-se por via sexual, por contacto com sangue infectado e de mãe para filho durante a gravidez ou o parto e pelo aleitamento materno. Portugal é o país europeu com maior taxa de prevalência da SIDA e a principal via de contágio é a transmissão heterossexual, com excepção do distrito de Castelo Branco, em que a primazia é ocupada pela via sanguínea resultante do consumo de drogas injectáveis. Constituem-se como grupos mais vulneráveis os toxicodependentes, as(os) prostitutas(os) e seus clientes, os reclusos, os homossexuais e os migrantes.
Estudos da OMS referem que em caso de diagnóstico positivo, a combinação de análises voluntárias com tratamentos anti-retrovirais, levaria a uma redução substancial dos casos de VIH/SIDA, com resultados igualmente positivos ao nível da incidência de tuberculose e da transmissão do vírus de mãe para filhos.
Também um relatório da ONU aponta para que o diagnóstico e o tratamento do vírus VIH/SIDA nas primeiras 12 semanas de vida poderiam salvar da morte três em cada quatro recém-nascidos infectados, tornando-se, por isso, necessária a intensificação dos testes de despistagem nos bébes a fim de que os tratamentos se iniciem o mais cedo possível, sendo para isso necessário reforçar as capacidades dos laboratórios em investigação e meios, o que está longe de ser um dado adquirido.
A luta contra a infecção VIH/SIDA terá que continuar a incidir, como referem os responsáveis do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infecção VIH/SIDA, na prevenção e detecção precoce da doença, o que implica apostar "na formação de profissionais de saúde e outros intervenientes nesta área, bem como no aconselhamento, rastreio e referenciação adequada relativamente ao VIH nos Centros de Aconselhamento e Detecção (CAD) da doença e Centros de de Saúde".
Fonte: Fernando Ribeiro
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